Você sabia que alimentação e depressão andam lado a lado e são mais ligadas do que a gente imagina? E elas tem uma relação tão estreita que é uma via de mão dupla, se uma está ruim, vai, com certeza, influenciar a outra. Olha só:
Esse mês dei duas palestras (totalizando mais de 220 ouvintes) em que eu tinha que contar minha trajetória até o empreendedorismo e a minha vida como ela é hoje (com o Flor de Sal e o GoodTruck ♥). Eu não poderia falar disso tudo sem mencionar um período super importante da minha vida: a depressão, e eu recebi muitas mensagens depois das palestras parabenizando pelas minhas conquistas e dizendo que fui muito corajosa de me abrir sobre esse ponto em especial. Óbvio que fiquei pensativa depois, né? “Como um problema tão comum hoje pode ainda ser visto com tanto tabu?”. Enfim, como eu já disse várias vezes por aqui, quero que o Flor de Sal seja uma amiga pra vocês, que vocês possam contar e dividir coisas, e por isso decidi falar sobre isso com vocês também! Como é um assunto extenso, vou dividi-lo e, nesse primeiro, vou focar na relação dele com a alimentação, e numa próxima conto sobre como tudo aconteceu pra mim, combinado? 🙂
Uma das primeiras coisas que percebi em relação ao meu período de baixa, durante a depressão, é que eu descontava tudo em comida. Todas as frustrações, agonias, ânsias, e até as comemorações, viravam motivo pra enfiar a cara (até o ultimo fio de cabelo) em comida. E a pior parte é que eu trabalho com comida,então eu mal precisava de uma desculpa pra cozinhar e comer.
Mas o que acontecia quando eu comia demais (independente do quê)? eu ficava depressiva! E o que acontecia quando eu estava depressiva? Comia demais! E era nítido como eu me sabotava, o tempo todo, de diversas formas.
Eu tive a sorte de estar muito bem acompanhada pela minha psicóloga (Emanuelle Mendes), e ela me ajudava a enxergar as coisas com mais clareza. Além disso, eu lia bastante pra entender o que estava acontecendo comigo, e isso me ajudou bastante. Comecei a estudar sobre a relação entre alimentação e depressão e percebi que uma poderia ser a impulsionadora da outra e que quanto mais eu agredia o meu intestino, pior era. E quanto pior eu ficava, mais eu agredia meu intestino (tá dando pra entender? hahaha)
Naquele momento eu sabia que tudo dependia da minha força de vontade, pra não me sabotar, e melhorar. E foi difícil pra cacete (com o perdão da palavra, mas é pra dar ênfase hahaha), e só o meu namorado sabe o que passei, mas hoje, que estou super melhor, vejo que valeu a pena a força e que a transformação precisa ser holística. Você tem que ser forte pra mudar seus condicionamentos, sua postura, seus pensamentos sabotadores, sua alimentação, seu estilo de vida… tudo junto! E sabe o que é mais legal? Hoje eu encaro tudo que passou como uma oportunidade maravilhosa de me conhecer melhor, e por isso não tenho vergonha de falar sobre.
Foi um intensivão de autoconhecimento e crescimento dolorido demais, que me fez por o dedo e descobrir o que estava por trás das piores feridas, mas foi e tem sido incrível superar isso!
PS: Pra quem gosta de saber mais sobre esse tema, recomendo o texto “A depressão é uma despensa cheia de comida podre!” da querida Flávia, do blog Tô Puta e Vou Cozinhar (clique aqui pra ler)
Como minha psicóloga foi peça fundamental pra que as consequências dessa fase não fossem desastrosas, convidei ela pra falar com mais propriedade sobre esse assunto tão complexo pra vocês, olha o que ela nos trouxe ♥ : (espero que gostem e contem comigo pro que precisar)
Estudos recentes realizados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que até 2020 a depressão será a doença mais impactante e prevalente no mundo. Afinal de contas, o que é essa doença tão comum nos dias de hoje?
A depressão é um transtorno mental afetivo que tem como característica desânimo, tristeza constante, angústia, falta de vontade, choro com facilidade e anedonia, que é a dificuldade ou impossibilidade de sentir prazer.
Ela tem impacto direto na autoestima, autoconfiança e, incapacita as pessoas para realizarem as atividades do dia a dia, como estudar, trabalhar, relacionar-se com outras pessoas, ou seja, há uma redução significativa na capacidade de iniciativa ou resposta frente as demandas da vida.
Várias podem ser as causas da depressão, tais como, relação com traumas da infância, estresse físico e psicológico, genética, doenças como hipotireoidismo, medicamentos como anfetaminas, consumo de drogas (lícitas e ilícitas).
Outros sintomas importantes que podemos observar, que se correlacionam com a alimentação são alteração no apetite, no peso e no sono. Sendo que a alteração no apetite pode ser acompanhada de má alimentação e, consequentemente perda de peso, ou aumento significativo do apetite com ganho de peso.
Aqui podemos perceber claramente a relação que cada pessoa possui com a comida, existem aquelas que perdem completamente o apetite e aquelas que encontram na comida um refúgio, consolo, descontando assim, toda sua angústia na busca de encontrar algum prazer momentâneo. E esse ciclo se retroalimenta, causando assim o ganho de peso e potencializando a baixa autoestima. Há um reforço ainda maior no quadro depressivo. Tanto o ganho de peso, quanto a perda de peso são preocupantes, por isso, é importante cuidar do aspecto emocional, alimentar e físico. Todos são complementares.
Sabe aquelas famosas frases, “você é o que você come” ou “você sente o que você come”?
Por exemplo, existe uma relação muito importante, entre o intestino e a depressão, de acordo com o Dr. José Roberto Kater (médico nutrólogo), o intestino exerce uma influência considerável em nossas emoções, muitas substâncias que vão produzir os neurotransmissores que combatem a depressão, tais como serotonina (bem-estar – produzida 90% no intestino), dopamina (prazer), noradrenalina, dependem de substâncias que o intestino tem que absorver, portanto não basta que você ingira determinado nutriente, ele precisa ser absorvido e nem sempre isso acontece. Sendo assim, é necessário cuidar do que você come, pois, a sua alimentação também tem relação direta com suas questões emocionais, humor, alegria, tristeza… Encontre um profissional para te ajudar nesse caminho.
Observe as seguintes questões:
- Você vem tendo pouca energia?
- Você vem tendo falta de interesses?
- Tem dificuldade para se concentrar?
- Não confia em si mesmo?
- Vem sentindo-se mais devagar?
- Sua alimentação tem muita ingestão de carboidratos “ruins”, como farinha branca, açúcar, etc?
Se respondeu sim para a maioria dessas perguntas, eis um ponto de muita atenção. O equilíbrio é muito importante nos dias de hoje, a conexão com a sua essência fará com que suas escolhas caminhem para aquilo que realmente faz bem e sentido para você. Observe-se e conte com a ajuda de um profissional e pessoas queridas 😉
Eu sou a Gabi ? Sou arquiteta urbanista e metida a cozinheira! Desde que resolvi entrar no mundo do esporte, mudei minha alimentação e, consequentemente, meu olhar sobre o mundo e sobre o meu corpo. Hoje sou maratonista, me locomovo principalmente de bike, não consumo carne há três anos, intolerante à lactose, e vivo inventando moda na cozinha, onde aprendo muito todo dia