A mamografia é o exame mais eficaz para a descoberta precoce do câncer de mama. Através do rastreamento mamográfico, que nada mais é que realizar o exame de rotina em mulheres sem nenhum sintoma, podemos diagnosticar alterações imperceptíveis no exame clínico ou no auto-exame, como pequenos nódulos e microcalcificações suspeitas.O rastreamento mamográfico deve começar a partir dos 40 anos em mulheres sem história familiar de câncer de mama e sem alterações clínicas, e a partir daí, anualmente. Em mulheres de alto de risco, que são aquelas que tem ou tiveram parentes de primeiro grau com câncer de mama, a primeira mamografia deve ser feita aos 35 anos e então anualmente. A partir dos 70 anos de idade pode-se realizar o exame a cada 2 anos.

Hoje, sabe-se que 85% dos casos de câncer de mama não tem relação com hereditariedade, é o chamado câncer esporádico. Dessa forma, torna-se importante que todas as mulheres se submetam a mamografia de rastreamento, inclusive aquelas sem fator de risco familiar.

As alterações perceptíveis à mamografia podem preceder as manifestações clínicas em até 3 anos. Microcalcificações e pequenos nódulos quando diagnosticados em estágio pré-clínico apresentam taxa de cura de 95% e o tratamento acaba sendo menos invasivo, com cirurgias menores e mais estéticas. A ultrassonografia não substitui a mamografia pois não detecta microcalcificações. O ultrassom pode ser útil em muitos casos, principalmente no diagnóstico diferencial em mamas densas e para diferenciar nódulos de cistos, porém não serve para rastreamento populacional.

A mamografia também é o primeiro exame a ser realizado em caso de suspeita clínica de nódulos de mama, mesmo em quem ainda não
atingiu os 40 anos de idade. Se você notar alguma coisa diferente na mama, converse com a sua Mastologista para que ela possa solicitar o
exame e tirar todas as dúvidas. Em algumas mulheres a mamografia pode provocar dor. Nada que não seja tolerável e pode ser amenizado por algumas medidas como tomar um analgésico antes e marcar o exame para uma semana após o inicio da menstruação, quando as mamas estão menos sensíveis.

Nao tenha medo de realizar a primeira mamografia, mas também não deixe de procurar a sua especialista anualmente pois, infelizmente, encontramos muitas vezes o que chamamos de “câncer de intervalo” que corresponde a um tumor de crescimento rápido que não estava presente a época da mamografia e começou a crescer antes da realização da próxima, dentro do prazo de um ano. Nesse caso, um exame clínico com a sua Mastologista pode fazer o diagnóstico e aumentar suas chances de cura. O câncer de mama em estágios iniciais tem taxas de cura de 80%.

COMO REALIZAR O AUTO-EXAME CORRETAMENTE

Após o período menstrual, ou uma vez ao mês – em mulheres que não menstruam (pode ser no dia do seu aniversario), examine suas mamas atenciosamente durante o banho e também diante do espelho: Primeiro olhe bem suas mamas com os braços estendidos ao longo do corpo. Levante os braços e veja se ocorre alguma alteração nos bicos ou nas mamas. Agora, passe os dedos por toda a mama e procure por abaulamentos, nódulos (caroços), retrações da pele ou desvios do mamilo, com um braço levantado e o cotovelo dobrado. A mão direita examina a mama esquerda e vice-versa. Repita do outro lado.

 

O auto-exame também pode ser realizado deitada, com uma das mãos atrás da cabeça e a outra palpando a mama do lado contrário. Faça movimentos circulares suaves, palpando com as pontas dos dedos. Examine também as axilas em busca de nódulos. Não aperte os mamilos pois não é necessário. Se encontrar algo anormal não significa necessariamente a existência de câncer. Caso encontre alguma alteração, procure a sua Mastologista. Embora seja importante, o auto-exame não substitui a consulta de rotina e o exame realizado por um Mastologista.

AMAMENTAÇÃO

Amamentação diminui o risco para câncer de mama, e quanto mais longa for a amamentação, maior será seu efeito protetor. Os mecanismos pelos quais a amamentação pode influenciar no risco de câncer de mama são vários. A lactação induz um padrão hormonal único juntamente com um período associado de amenorreia e infertilidade. Isso diminui a exposição aos ciclos menstruais e assim altera os níveis hormonais, particularmente de androgênios, os quais podem influenciar no risco de câncer.

Níveis aumentados de esteroides sexuais são fortemente associados com risco de câncer de mama na pós-menopausa. É provável que a lactação também induza mudanças epigenéticas que diminuem o risco da carcinogênese. Somado a isso, a forte esfoliação do tecido mamário durante o processo de amamentar, e a grande apoptose (morte celular) epitelial no final do período lactacional, podem diminuir o risco ao eliminar células com potencial dano ao DNA. Os estudos mostram uma diminuição no risco com o aumento do tempo de duração da amamentação o que torna o ato de amamentar importante não só para a saúde do bebê como da mãe também.

 

Karla Daniela Santone

Médica (CRM: 117.154) formada pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, com Residência em Ginecologia e Obstetrícia e posterior especialização em Mastologia pelo Hospital Perola Byington. Tornou-se vegetariana em 2014 e pouco depois optou por adotar a alimentação Vegana. Desde então vem ampliando sua formação através de muitos estudos e novos conceitos sobre alimentação e saúde, bem como os efeitos do vegetarianismo na saúde da mulher. Hoje, seu trabalho não foca apenas no tratamento convencional, clínico e cirúrgico, do câncer de mama mas também em uma visão integrativa da saúde da mulher com especial ênfase na prevenção de doenças ligadas a fatores de risco modificáveis como alimentação, sedentarismo, obesidade, tabagismo, ingestão de álcool, stress, estilo de vida, entre outros. 
Formação Profissional: Graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (FCMS). Pós-graduanda em Nutrologia pela ABRAN. Especialização: Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Centro de Referência da Saúde da Mulher (C.R.S.M.) – Hospital Pérola Byington. Estágio em Mastologia pelo C.R.S.M. – Hospital Pérola Byington. Especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia.

Pin It on Pinterest

Share This