Fui convidada pra participar de uma ação muito bacana aqui em Curitiba. A marca de produtos Da Magrinha e o Festival de Curitiba me convidaram para participar da Mostra Oficial 2017, da Fringe e do Gastronomix e falar um pouco sobre arte, cultura, saúde, estilo de vida e alimentação saudável.
Durante o festival (28/03 a 09/04) acompanhei algumas peças, espetáculos e eventos, entrevistei um pouco da platéia, interagi com os participantes e gravamos vários vídeos que foram divulgados na página oficial do evento (confira os vídeos aqui). Foi uma experiência MUITO bacana ♥ e achei incrível a iniciativa da organização de abrir esse espaço pra que pessoas como eu, a Sabrina, a Aline, e outros chefs, culinaristas, blogueiros e youtubers, mas acima de tudo, pessoas normais, com crenças e valores fortes, pudessem expor sua opinião e fazer pontes com o Festival. Sério, achei muuuuito legal 🙂 Parabéns, produção. Adorei participar de tudo, e o feedback foi muito gratificante – mais de 8 mil pessoas assistiram aos vídeos :O
Uma das ações foi super divertida! Recebi uma caixa cheia de produtos da Da Magrinha, e tive que desenvolver uma receita com eles pra levar durante um evento pro pessoal experimentar (vide vídeo acima). Fiz uma Torta de Chocolate Vegana, com base de cookie e aromatizada com café, a galera amou e eu fiquei SUPER feliz ♥ prometi que iria postar a receita pra quem quisesse reproduzir em casa, e cá estou.
Mas antes de passar a receita, vamos conversar um pouco sobre os segredinhos da massa de torta? Existem alguns truques pra que a massa fique gostosa e crocante, sem ficar seca e quebradiça. A verdade é que tudo é importante! Desde a sequência de preparo, ingredientes escolhidos, e até o recheio que você escolher, cada passo é importante pra que o resultado final da sua torta seja surpreendente 🙂 Então vou contar alguns truques básicos e, se vocês quiserem um post mais completo sobre o assunto, me avisem ali nos comentários, ta joia?
A base das massas de tortas e quiches é composta basicamente por farinha, gordura e líquidos (água, leite, etc). Quando a água e a farinha entram em contato, a água se posiciona entre os grãos de amido da farinha, é absorvida e acaba formando uma liga bem forte entre eles. Quando levamos a massa ao forno, a temperatura da água se eleva e os grãos de amido incham, formando uma goma. A água se evapora aos pouquinhos, dando origem a um bolachão duro hahaha bloco único de massa dura.
Quando acrescentamos uma fonte de gordura a farinha, antes de acrescentar o líquido, ela envolve os grãos de amido, separando-os e impedindo que se formem gomas muito “fortemente ligadas” quando a água é adicionada à mistura. A goma vai ser formada mesmo assim (ligação por atração entre os grãos), mas de forma mais lenta e superficial, resultando numa massa mais mole, mais flexível. Assim, quando levamos a massa ao forno e a água evapora, ainda existe gordura entre as gomas, fazendo com que a massa fique mais fácil de ser cortada/fatiada (os grãos ficam mais fáceis de serem separados).
Outra coisa bacana a se fazer, é deixar que a massa descanse antes de ser assada. Depois de misturar todos os ingredientes, é legal que a massa descanse um pouco para permitir que uma parte da água penetre os grãos e forme um pouco da goma, que ajudará a dar liga. Dessa forma a gente obtém uma massa crocante, mas não quebradiça 🙂
Ah, e uma coisa super importante: nunca sove massa de torta! O glúten é uma proteína “apaixonada” por água e, quando se encontra com ela, forma uma rede elástica, mas super dura. Estas redes são potencializadas quando a massa é sovada – diz-se “desenvolver o glúten“. Quanto mais você sovar uma massa, mais dura ela vai ficar porque o glúten se coagula e forma as tais redes.
- 1 xícara de farinha de trigo integral
- 1/3 de xícara de farelo de aveia (ou outra farinha)
- 1/3 de xícara de farinha de amendoim (ou outra farinha)*
- 1/3 de xícara de cacau em pó
- 1/3 de xícara de azeite
- 1/3 de xícara de melado de cana
- 1 colher de café de bicarbonato de sódio
- Pitada de sal e canela
- 150gr de tofu (aproximadamente 1 xícara)
- 150gr de chocolate amargo derretido
- 1 xícara de leite de coco espesso (desses de supermercado)
- 2 colheres de sopa de melado de cana
- 2 colheres de sopa de cacau em pó
- 1 colher de sopa de café solúvel
- Frutas a gosto (usei pêssego, ameixa, kiwi, framboesa, e tomilho limão)
- Preaqueça o forno
- Em um recipiente, misture a farinha de trigo, o farelo de aveia, a farinha de amendoim, o cacau, o sal e a canela
- Acrescente o azeite e misture delicadamente até que toda a farinha esteja úmida
- Adicione o melado de cana e o bicarbonato e incorpore até obter uma massa uniforme
- Deixe a massa descansar na geladeira por uns 30 minutos
- Abra a massa numa forma untada (ou forrada com papel manteiga) modelando com a ajuda dos dedos.
- Faça furos com um garfo e leve pra assar a 200ºC por aproximadamente 35 minutos
- Em banho maria, derreta o chocolate amargo com o café e reserve
- Em um liquidificador ou processador, bata o tofu com o leite de coco até obter um creme liso e homogêneo - nessa estapa você já pode adicionar o cacau e o melado, se preferir. Facilita bastante; se não, misture logo depois com a ajuda de um fouet 🙂
- Despeje o creme de tofu no chocolate e misture bem.
- Depois que a massa estiver assada e já em temperatura ambiente, coloque o recheio e leve a torta para a geladeira
- Deixe gelar até que o recheio esteja firme (entre 1 e 2 horas)
- Higienize as frutas e ervas que você escolheu e, depois que a torta estiver gelada, decore e sirva 🙂
- A farinha de amendoim, ou de qualquer outra oleaginosa, obtém-se processando-as até que virem um pózinho fino, ou ressecando o resíduo do seu leite vegetal 🙂
- Eu cortei a torta em quadradinhos por causa da apresentação, mas você pode fazer uma torta grandona se preferir.
- Se quiser uma versão sem glúten, experimente usar farinha de aveia sem glúten, ou a de grão de bico, por exemplo, acrescentando 2 colheres de sopa de algum amido (fécula de batata, polvilho...) ou farinha de linhaça/chia/psyllium para ajudar na liga. Eu nunca testei, mas imagino que funcione bem.
Aposto que você vai arrasar no preparo de quiches, tortas e cookies a partir de agora! Depois me conta 😉 Um super beijo! Referência: Um Cientista na Cozinha, ed. Ática, 1996, p. 171-176
Eu sou a Gabi ? Sou arquiteta urbanista e metida a cozinheira! Desde que resolvi entrar no mundo do esporte, mudei minha alimentação e, consequentemente, meu olhar sobre o mundo e sobre o meu corpo. Hoje sou maratonista, me locomovo principalmente de bike, não consumo carne há três anos, intolerante à lactose, e vivo inventando moda na cozinha, onde aprendo muito todo dia